sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Estão aí as eleições: uma questão de responsabilidade e respeito


Este Domingo, dia 27, somos todos chamados a eleger o novo primeiro ministro de Portugal. Têm estado disponíveis na internet, para quem quiser consultar, os programas de trabalho (governo) que os respectivos partidos se propõem implementar, caso sejam o mais votado.


Somos todos chamados a votar. É um dever de todos enquanto cidadãos. A qualidade de cidadãos numa democracia define-se também pela possibilidade de eleger e ser eleito. Trata-se de eleger a pessoa que escolherá uma equipa que nos vai governar nos próximos quatro anos, uma escolha que deve traçar uma linha política, ou seja, um conjunto de opções importantes de aplicação do dinheiro de todos nós, contribuintes, na satisfação das nossas necessidades colectivas. Entre muitas outras decisões importantes.


Sabe-se que há muita gente que não vota. Gente de todo o género, de todos os estratos económicos e sociais, porque não querem, não entendem o que se propõe, nem procuram saber. Há pessoas que já não acreditam na política nem nos políticos. Não acreditam que faça alguma diferença. Muitos outros estão confusos, mas não perguntam.


Se todos pensarmos assim não teria valido a pena um conjunto de militares terem vencido a ditadura em 1974 e restaurado a democracia. Seria preferível o Estado Novo ? Não poder falar livremente sobre o que pensamos ? Censura na imprensa ? Polícia política ? Educação só para alguns porque se quer o povo iletrado e analfabeto ? Guerra colonial ? Quanto mais não seja por respeito por esses homens deviamos, todos, ir às urnas no Domingo. Merecer esta liberdade é também um acto de inteligência, que nos deve obrigar a ir votar. Em 1974 estava no pré-escolar, mas há realidades que não consigo pensar que possam, sequer, voltar a acontecer em Portugal. Daí estar grato a esses militares que não conheci mas a quem presto homenagem sempre que me dirijo às urnas.

Os partidos políticos, base da nossa democracia, não têm sido brilhantes a cumprir o seu papel. Paira no ar a ideia de que são mais vezes e mais depressa grupos organizados de defesa de interesses particulares ou grupos para formar “clientelas” particulares para obter vantagens do poder instituido. E muitas vezes, são uma espécie de centros de emprego qualificado, sem concurso, muito bem pagos, para amigos políticos, do que outra coisa. Ou forma de “retribuir” a quem se prometeu isto e aquilo. Assim, os partidos perdem credibilidade, afastam pessoas, desmotivam gente jovem de pensar seriamente de forma política, ter ideias e lutar para as defender. Este é mais uma razão para tomarmos nas nossas mãos, enquanto cidadãos, o nosso destino.


Nos nossos dias, a participação cívica e política pode acontecer a qualquer nível, começando pelo voto. Uma associação de pais para ajudar a resolver problemas locais e colaborar em projectos concretos para a comunidade, é outra, mais exigente. Das Juntas de Freguesia, primeiro degrau da estrutura política portuguesa, até ao Presidente da República, nível mais elevado, todos somos chamados a participar e a termos a oportunidade de não deixar outros decidir mal sobre o que nos diz respeito. Como pode alguém reclamar se nem dá a sua opinião ? A minha rua tem buracos no pavimento ? A casa de um familiar (ou a minha) não está ainda ligada à rede de saneamento ? Há esgotos a céu aberto que me provocam mau cheiro perto de casa ? O transporte escolar funciona mal ou não existe ? Como posso ficar calado perante isso ? Aqui, só votar, pode não chegar.


É por isso que neste Domingo, não deixarei de votar. Vou igualmente falar disto às minhas filhas pequenas.


Nuno Rodrigues