sábado, 17 de outubro de 2009

Novo Governo: Que missão ?

Alegria e entusiasmo precisa-se ! É preciso perder o medo de voar.

Acima de tudo de encarar os tempos que correm com entusiasmo e responsabilidade. Ao saber que 105 dos 230 deputados é gente nova, ou seja, 46 por cento da Assembleia da República são novas caras, abre-se um novo ciclo.

Vamos ter um governo minoritário que não poderá cair nos primeiros 6 meses, por força da Constituição. Mas face à recusa dos outros partidos em viabilizar uma coligação, vejo um governo com enorme desgaste pela frente, tendo de negociar tudo. Gerir tantas sensibilidades não vai ser fácil.

Por outro lado, nunca senti o primeiro ministro como um líder carismático. Esses galvanizam, entusiasmam, puxam pelo talento das pessoas. Fazem-nas sentir-se orgulhosas de si, das suas capacidades. Ao mesmo tempo que as responsabilizam. Notam-se boas intenções e a definição de um rumo, acompanhada de muita teimosia e de não ter querido ficar mal na fotografia, se deixasse cair algumas pessoas de confiança do governo anterior.

Agora, precisamos de outra atitude. Se até Maio ou Junho o primeiro ministro conseguir dar uma lição de gestão de sensibilidades, qualquer moção de censura a seguir transforma-se em maioria absoluta em caso de eleições antecipadas. Temos os políticos que merecemos. Pelos vistos temos merecido muito pouco.

O país tem um contexto social e psicológico muito próprio. Motiva e galvaniza mais as pessoas a selecção de futebol, se produzir exibições e resultados positivos do que os líderes políticos. Por aqui se vê o país que temos sido. Convinha saber trabalhar com esta realidade. Por vezes dando “uma no cravo outra na ferradura”. Todos sabemos da capacidade de sobrevivência dos portugueses. Quando falta trabalho/emprego, o português tem uma predisposição exponencial para o biscate. No fundo, para mostrar que tem talentos muito para além do trabalho formal. Quanto não representará no PIB uma, apenas uma, hora diária de trabalho em biscates de grande parte da população activa ?
Mas em geral sente-se que o agente económico precisa que o motivem, principalmente os pequenos. Depois ele explode por si em termos de capacidade. Mas a liderança política tem essa grande responsabilidade.

Toda a gente em Portugal sabe que, apesar das micro, pequenas e médias empresas terem um peso tão importante no emprego, nas exportações e na riqueza criada, dá a entender que os governos não sabem falar com, legislar para, no fundo, lidar com estes agentes económicos. Importa proporcionar condições de desenvolvimento a estas pessoas. Criar condições adequadas de crédito. Oportunidades de formação. Apoiar a família de forma corajosa e inequívoca. Nos grandes centros criar gabinetes de apoio ao pequeno negócio por freguesia. Que podem funcionar numa lógica empresarial, que os próprios pagam na medida em que sintam a sua utilidade. Este potencial de desenvolvimento é enorme e, sobretudo, desconhecido. Mas tem a capacidade de melhorar o rendimento de muitas famílias e criar muitos postos de trabalho. Nem que fosse um emprego adicional por negócio. Devia também ter tributação, no início, muito baixa, para crescer e se desenvolver.

Esta via de apoio à criação de emprego devia ser fortemente estimulada. Porque cada pessoa tem sempre talento para fazer alguma coisa. Mas tem tido medo de avançar porque tudo são dificuldades e não confia nos políticos. Há que reconhecer que o processo da empresa na hora foi uma inovação real nesta área. O acesso a capital de risco para negócios nascentes devia ser uma preocupação pública que, por sua vez, estimula os privados. Vejo só medidas tímidas nesta área.
Nuno Rodrigues

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Parabéns Barak Obama, Prof. Yunus e Grameen Bank !



Em Agosto passado o presidente Barak Obama distinguiu várias personalidades com o maior galardão civil daquele país, a Presidential Medal of Fredom, ou Medalha Presidencial da Liberdade. Entre elas estava o fundador e líder do Grameen Bank, Prof. Muhammad Yunus, pai do microcrédito, do Bangladesh,.
Trata-se do homem que foi galardoado com o Prémio da Paz 2006, em reconhecimento do notável trabalho que o Banco Grameen tem feito em prol do desenvolvimento. De resto, não deixa de ser interessante ter-lhe sido atribuido o nobel da Paz e não o da Economia.
A partir da leitura d´“O Banqueiro dos Pobres” fica-se a conhecer a sua filosofia e a sua forma de estar enquanto Economista. Nascido no Bangladesh e numa família numerosa, o seu pai era ourives e por isso nunca soube o que era pobreza ou fome. Formou-se no seu país, e com uma bolsa de estudo rumou aos EUA para fazer o doutoramento nessa área. Regressado ao seu país natal, logo começou a dar aulas na universidade de Chitagong e a trabalhar em departamentos estatais de planeamento.
Estava-se na década de 70 e nessa altura o país enfrentava enormes problemas de seca. Isso significava pobreza extrema, fome e mortes. Todos os dias contactava com o todo o tipo de problemas. Como homem sensível não lhes conseguia ficar indiferente. Não baixava os braços. Até que um episódio mudou a sua vida. Tomou várias iniciativas para minorar os dramas.
Decidiu penetrar no seu interior para conhecer como viviam as pessoas da aldeia de Jobra, junto da universidade. Viu uma mulher a trabalhar o bambu e quis perceber como ela vivia. Perguntou-lhe como comprava a matéria prima, ela respondeu que a comprava por 5 taka (moeda local), que não tinha e por isso os pedia emprestado aos “paikard” (prestamistas ou usurários) na condição de lhes revender o produto no fim do dia. O excedente era o equivalente a dois cêntimos de dólar, com o que se alimentava e à família todo o dia. Perguntou-lhe ainda porque não pedia o dinheiro emprestado ao que ela respondeu que aqueles lhe levariam muito. Havia casos de dez por cento à semana e até ao dia. Percebeu a lógica de empréstimos a juros altíssimos ali implicita. Usura pura. Que mantinha muita gente na total dependência, muitas vezes até à morte.
Ficou a saber que havia bastante mais gente naquelas condições. A seu pedido, facultaram-lhe depois uma lista de 42 pessoas envolvendo um total de 27 dólares. O que aconteceu a seguir levou ao que é hoje o Grameen Bank e todo o conjunto de empresas e outras organizações, com e sem fins lucrativos, à sua volta, viradas para o objectivo de lutar contra a pobreza e dar dignidade às pessoas que nada têm, através do crédito.
Não se trata só de dinheiro. Trata-se de uma revolução silenciosa de desenvolvimento no campo económico, social. Desde há perto de 40 anos a esta parte, aquele país, o Bangladesh, maioritariamente muçulmano com uma população 14 vezes superior a Portugal, enfrenta sérios problemas de secas frequentes e que causam enormes problemas alimentares porque depende muito da agricultura.
Naquele dia, o coração foi mais forte e o próprio emprestou o dinheiro do seu bolso àquelas pessoas, sem fazer nenhuma ideia se o recuperaria. Mas disse-lhes que queria o dinheiro de volta, sem qualquer juro. Não era banqueiro. O resultado foi que as pessoas reembolsaram integralmente, o que muito o surpreendeu. Além de ter provocado um enorme efeito libertador.
Perguntava-se porque não podiam estas pessoas ir ao Banco pedir emprestado. O gerente do banco, ali no campus universitário, riu-se para o Prof. Yunus. “Essas pessoas não são dignas de crédito porque não têm nenhuma garantia para dar”. Que batalhas se lhe seguiram. Com a vitória da persistência e do acreditar que era possível transformar aquela realidade e fazer algo pelos outros.
O Prof. Yunus foi ganhando visibilidade e prestígio internacional, apesar das enormes desconfianças e do incómodo que a filosofia do Grameen Bank representa para o mundo ocidental. Por vezes a inovação é tão grande que demora a impôr. Esta revolução na forma de financiar a engenharia humana de empreender há muito ultrapassou fronteiras do Bangladesh, há réplicas em mais de cem países dos cinco continentes, incluindo os países desenvolvidos.

Parabéns Barak Obama, Prof Yunus e Grameen Bank !!

Nuno Rodrigues




sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Estão aí as eleições: uma questão de responsabilidade e respeito


Este Domingo, dia 27, somos todos chamados a eleger o novo primeiro ministro de Portugal. Têm estado disponíveis na internet, para quem quiser consultar, os programas de trabalho (governo) que os respectivos partidos se propõem implementar, caso sejam o mais votado.


Somos todos chamados a votar. É um dever de todos enquanto cidadãos. A qualidade de cidadãos numa democracia define-se também pela possibilidade de eleger e ser eleito. Trata-se de eleger a pessoa que escolherá uma equipa que nos vai governar nos próximos quatro anos, uma escolha que deve traçar uma linha política, ou seja, um conjunto de opções importantes de aplicação do dinheiro de todos nós, contribuintes, na satisfação das nossas necessidades colectivas. Entre muitas outras decisões importantes.


Sabe-se que há muita gente que não vota. Gente de todo o género, de todos os estratos económicos e sociais, porque não querem, não entendem o que se propõe, nem procuram saber. Há pessoas que já não acreditam na política nem nos políticos. Não acreditam que faça alguma diferença. Muitos outros estão confusos, mas não perguntam.


Se todos pensarmos assim não teria valido a pena um conjunto de militares terem vencido a ditadura em 1974 e restaurado a democracia. Seria preferível o Estado Novo ? Não poder falar livremente sobre o que pensamos ? Censura na imprensa ? Polícia política ? Educação só para alguns porque se quer o povo iletrado e analfabeto ? Guerra colonial ? Quanto mais não seja por respeito por esses homens deviamos, todos, ir às urnas no Domingo. Merecer esta liberdade é também um acto de inteligência, que nos deve obrigar a ir votar. Em 1974 estava no pré-escolar, mas há realidades que não consigo pensar que possam, sequer, voltar a acontecer em Portugal. Daí estar grato a esses militares que não conheci mas a quem presto homenagem sempre que me dirijo às urnas.

Os partidos políticos, base da nossa democracia, não têm sido brilhantes a cumprir o seu papel. Paira no ar a ideia de que são mais vezes e mais depressa grupos organizados de defesa de interesses particulares ou grupos para formar “clientelas” particulares para obter vantagens do poder instituido. E muitas vezes, são uma espécie de centros de emprego qualificado, sem concurso, muito bem pagos, para amigos políticos, do que outra coisa. Ou forma de “retribuir” a quem se prometeu isto e aquilo. Assim, os partidos perdem credibilidade, afastam pessoas, desmotivam gente jovem de pensar seriamente de forma política, ter ideias e lutar para as defender. Este é mais uma razão para tomarmos nas nossas mãos, enquanto cidadãos, o nosso destino.


Nos nossos dias, a participação cívica e política pode acontecer a qualquer nível, começando pelo voto. Uma associação de pais para ajudar a resolver problemas locais e colaborar em projectos concretos para a comunidade, é outra, mais exigente. Das Juntas de Freguesia, primeiro degrau da estrutura política portuguesa, até ao Presidente da República, nível mais elevado, todos somos chamados a participar e a termos a oportunidade de não deixar outros decidir mal sobre o que nos diz respeito. Como pode alguém reclamar se nem dá a sua opinião ? A minha rua tem buracos no pavimento ? A casa de um familiar (ou a minha) não está ainda ligada à rede de saneamento ? Há esgotos a céu aberto que me provocam mau cheiro perto de casa ? O transporte escolar funciona mal ou não existe ? Como posso ficar calado perante isso ? Aqui, só votar, pode não chegar.


É por isso que neste Domingo, não deixarei de votar. Vou igualmente falar disto às minhas filhas pequenas.


Nuno Rodrigues

segunda-feira, 15 de junho de 2009

De corretor a empregado de mesa


Li hoje uma notícia de um corretor de uma firma americana que actua nos mercados financeiros, que foi despedido na onda da actual crise. Até ali ele via os desempregados como preguiçosos e que não queriam fazer nada. Até que lhe aconteceu a ele. Frequentador que era de restaurantes de luxo e habituado a programas sociais interessantes e frequentes. A mulher é secretária de administração e têm duas filhas a estudar. Até ao momento não arranjou outra coisa além de empregado de mesa de um restaurante de luxo, do qual era cliente frequente até há algum tempo. Tem despesas fixas mensais de 400o euros e os rendimentos dos dois somam 2800. As poupanças, que têm vindo a segurar a diferença, estão a esgotar-se rapidamente. Passa duas horas por dia na internet à procura de emprego. Os telefonemas e emails a amigos e ex-colegas de curso e profissão têm sido uma constante. Trabalha pois agora como empregado de mesa. Mas trabalha, não está parado. Faz de algo de útil e obtém diaria, semanal ou mensalmente um rendimento por isso. Consta que a diferença de salário de outrora é de 140 mil para 17 mil euros anuais, agora. Diferença brutal, portanto. Mas as contas para pagar, a consciência das prioridades, a vontade férrea de que há coisas essenciais de que as filhas têm de continuar a ter são mais fortes. Mais fortes do que a humilhação que outros sentiriam em Portugal pela simples perspectiva de semelhante opção, à falta de melhor ou ao subsídeo de desemprego. A diferença começa na mentalidade. Mas também na visão e humildade. Que é o reconhecimento da minha verdade, a cada momento. Nada tem a ver com resignação, que significa atirar a a toalha ao chão ou desistir.
Este homem serve refeições a anteriores colegas e clientes, como funcionário. Não é para o estômago de todos. Mas é uma lição de humildade e de vida.
Não esqueçamos que perdeu um bom e confortável emprego, não a inteligência, a capacidade de pensar, a visão e a ambição. Este homem está de parabéns.
Nuno Rodrigues

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Trabalho de Equipa

Como lidar com os tempos que correm, nos pequenos e micro-negócios ?

Nos dias de hoje as dificuldades são acrescidas no ambiente de negócios e especialmente para estes negócios mais pequenos.
Sendo assim, torna-se imperioso um esforço ainda maior para reforçar os factores que nos podem tornar competitivos. São os factores de qualquer empresa que trabalha todos os dias para a rentabilidade. Organização, porque o seu contrário leva a prejuizos contínuos a cada hora que passa. Aproveitamento exaustivo do talento humano à disposição do negócio, ou será que nos tempos que correm ainda não se liga nenhuma a isto ? Cuidado com as vendas em termos de probabilidade e encargos de cobrança, contar com todos os meios à disposição (gestor de conta dos bancos, internet, etc.) para saber com antecipação se pode haver problemas. Análise periódica de lucros e prejuizos, por operação. Aprender a tirar partido do percurso já feito aplicando técnicas de marketing (cliente não pode ficar sem um contacto durante 5 anos). Voltando ao talento humano, tudo isto exige um trabalho de equipa a funcionar bem, com exigência e reconhecimento, com paragens oportunas semanais/quinzenais/mensais para pensar, reflectir sobre erros cometidos e aprender lições com eles, projectar ideias e negócios, ouvir opiniões e críticas. Vistas assim as paragens são momentos de grande trabalho e grande utilidade para a empresa e nunca tempo perdido. Fica-se a conhecer quem temos, se se recrutou bem ou mal, que talento escondido existe e quem deve ser recompensado. Isto implica seriedade, exigência e rigor, e certamente conduzirá aos lucros, ou seja, o profissionalismo terá como resultado natural a rentabilidade, sobretudo em tempos de crise.
Um micro-negócio a trabalhar assim cresce naturalmente e com ele os lucros e eventuais novos postos de trabalho. Todos se sentem realizados e contribuem no seu limite para o sucesso comum. O seu rendimento, e consequente poder de compra, melhora visivelmente.
Perante o exterior, clientes, forncedores, parceiros financeiros (bancos e outros) e demais interlocutores estes princípios criarão um poder negocial invejável.
Começamos a ver frequentes exemplos destes, quando os referidos princípios se aplicam.
Quando pretendem começar ?

Nuno Rodrigues

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Principal objectivo

No dia de hoje, 29 de Abril de 2009, nasce este blog como meio através do qual me proponho desenvolver um espaço ligado ao apoio a iniciativas de empreendedorismo, apoio a micro e pequenas empresas, à solidariedade e apoiar projectos novos e relançamento de outros.
Proponho este espaço para partilha de ideias, experiências e opiniões, visão de longo prazo sobre tudo o que nos rodeia. Partilha da minha parte, e de todos os que se quiserem juntar com os seus comentários, críticas e sugestões contrutivos.
Estes será apenas um ponto de partida para comunicarmos.

Nuno Rodrigues