Não, não se trata de nenhum protector solar. O factor 15 a
que aqui me refiro é o 15º salário com que as empresas remuneram os seus
colaboradores em cada ano. Cada vez mais empresas o fazem.
De facto, esse 15º salário, que se refere ao prémio de
desempenho atribuído ao colaborador pelo seu contributo para os (bons)
resultados do ano anterior, partilhando esses mesmos resultados, é uma
componente de rendimento adicional para o colaborador e um sinal muito
interessante.
Este 15º salário, o prémio anual para o colaborador, revela
uma filosofia de gestão e muitas empresas já o praticam porque os seus gestores
perceberam a importância da decisão. E como se distinguem as empresas que o
fazem das que não o fazem ? De como isso potencia a motivação das pessoas, lhes
dá a sensação de que a gestão está atenta e premeia mérito, esforço, capacidade
de trabalho, zelo pelo seu trabalho e por conseguinte, este contributo muito
directo para a rentabilidade da empresa. Muitas vezes, isto acontece em
detalhes, em aspectos aparentemente muito pequenos mas que fazem grande
diferença.
Não obstante, há aspectos de aplicação desta decisão que
são bastante pertinentes e a que é importante estar-se atento. Isto pressupõe
uma avaliação de desempenho séria e credível, de preferência com bases fortes
em justiça, simplicidade, eficácia e boa comunicação. Se o número de pessoas
for razoável é preciso que o sistema de informação permita o registo das
situações e dos factos que irão ser tidos em conta. Além de que isto deve ser
discutido com as próprias pessoas envolvidas com grande franqueza, de
preferência olhos nos olhos, e assinado o devido documento entre quem decide e
sobre quem incide, em reunião sobre este assunto.
Isto mexe com cada pessoa, muito positivamente, e com o
espírito de equipa. A empresa e os detentores do capital sairão a ganhar, todos
dos dias, na conta bancária e também nos activos intangíveis. Previsivelmente, entre
Março e Maio de cada ano, em relação ao ano anterior, quando são fechadas as
contas do ano anterior e apurados os devidos resultados, então se saberá que
parte se vai decidir que cabe a cada um.
Este processo de distribuição deverá começar por uma
avaliação cuidada, o critério a estabelecer para decidir qual o cálculo e de
que forma será feito, forma muito utilizada, para calcular o prémio a atribuir
a cada colaborador. Se superior ou inferior a um salário/mês, e em que patamar o
colocar. Mas é precisamente esta avaliação, a ser discutida com o próprio, que
mede a qualidade do contributo dos membros da equipa para os resultados anuais.
Este processo deve ser conduzido com todo o cuidado e muito objectivamente.
De uma pesquisa que tenho vindo a fazer, quer em
plataformas de recrutamento quer em softwares de gestão para Micro e PME´s, não
é, curiosamente, costume ver esta questão tratada com a devida importância. Nos
respectivos módulos, as aplicações processam salários cada vez com mais
sofisticação, mas constato lacunas em terem campos específicos para registo de
dados que sirvam de base a este trabalho de avaliação. Nos anúncios de emprego,
é muito raro ler alguma empresa que paga, ou preveja pagar, 15 salários por
ano. A quem o mereça e se houver o que distribuir.
Nos tempos que correm, esta questão é cada vez mais relevante
e também permite captar os melhores e dar-lhes um sinal de como são importantes
para a empresa, o que os desmotivará de sair. Outra questão depois é a
formalização do pagamento do prémio até porque isso influencia a questão fiscal
do mesmo. Emitir um recibo de vencimento específico para pagar o prémio,
contabilizar este pagamento através de gratificações de balanço mensais
pressupõe planeamento de contabilidade e agilidade da gestão, mas faz sentido
porque permite ao colaborador baixar a factura fiscal deste rendimento
adicional, em resultado do seu esforço e mérito.
Apesar de haver gestores que desvalorizam completamente o
entra e sai de pessoas, isso não beneficia nunca a empresa, além de que o tempo
de adaptação de cada pessoa custa dinheiro e não permite conhecer o potencial de
cada um. Mas continuo a ver muitas situações e organizações em que parece que isto
não interessa nada.
É por isso que há patrões e há empresários, em que estes
ganham muito mais do que aqueles. A diferença começa aqui, na forma como recruta
e gere recursos humanos, continua na pró-actividade, no planeamento, na
organização e como promove o trabalho de equipa e cria condições para que
apareçam os talentos de cada um, a começar se apenas tem um.
Nuno Rodrigues