terça-feira, 7 de maio de 2019

A importância do factor 15 - Salário 15º




Não, não se trata de nenhum protector solar. O factor 15 a que aqui me refiro é o 15º salário com que as empresas remuneram os seus colaboradores em cada ano. Cada vez mais empresas o fazem.

De facto, esse 15º salário, que se refere ao prémio de desempenho atribuído ao colaborador pelo seu contributo para os (bons) resultados do ano anterior, partilhando esses mesmos resultados, é uma componente de rendimento adicional para o colaborador e um sinal muito interessante.

Este 15º salário, o prémio anual para o colaborador, revela uma filosofia de gestão e muitas empresas já o praticam porque os seus gestores perceberam a importância da decisão. E como se distinguem as empresas que o fazem das que não o fazem ? De como isso potencia a motivação das pessoas, lhes dá a sensação de que a gestão está atenta e premeia mérito, esforço, capacidade de trabalho, zelo pelo seu trabalho e por conseguinte, este contributo muito directo para a rentabilidade da empresa. Muitas vezes, isto acontece em detalhes, em aspectos aparentemente muito pequenos mas que fazem grande diferença.

Não obstante, há aspectos de aplicação desta decisão que são bastante pertinentes e a que é importante estar-se atento. Isto pressupõe uma avaliação de desempenho séria e credível, de preferência com bases fortes em justiça, simplicidade, eficácia e boa comunicação. Se o número de pessoas for razoável é preciso que o sistema de informação permita o registo das situações e dos factos que irão ser tidos em conta. Além de que isto deve ser discutido com as próprias pessoas envolvidas com grande franqueza, de preferência olhos nos olhos, e assinado o devido documento entre quem decide e sobre quem incide, em reunião sobre este assunto. 

Isto mexe com cada pessoa, muito positivamente, e com o espírito de equipa. A empresa e os detentores do capital sairão a ganhar, todos dos dias, na conta bancária e também nos activos intangíveis. Previsivelmente, entre Março e Maio de cada ano, em relação ao ano anterior, quando são fechadas as contas do ano anterior e apurados os devidos resultados, então se saberá que parte se vai decidir que cabe a cada um. 

Este processo de distribuição deverá começar por uma avaliação cuidada, o critério a estabelecer para decidir qual o cálculo e de que forma será feito, forma muito utilizada, para calcular o prémio a atribuir a cada colaborador. Se superior ou inferior a um salário/mês, e em que patamar o colocar. Mas é precisamente esta avaliação, a ser discutida com o próprio, que mede a qualidade do contributo dos membros da equipa para os resultados anuais. Este processo deve ser conduzido com todo o cuidado e muito objectivamente.

De uma pesquisa que tenho vindo a fazer, quer em plataformas de recrutamento quer em softwares de gestão para Micro e PME´s, não é, curiosamente, costume ver esta questão tratada com a devida importância. Nos respectivos módulos, as aplicações processam salários cada vez com mais sofisticação, mas constato lacunas em terem campos específicos para registo de dados que sirvam de base a este trabalho de avaliação. Nos anúncios de emprego, é muito raro ler alguma empresa que paga, ou preveja pagar, 15 salários por ano. A quem o mereça e se houver o que distribuir.

Nos tempos que correm, esta questão é cada vez mais relevante e também permite captar os melhores e dar-lhes um sinal de como são importantes para a empresa, o que os desmotivará de sair. Outra questão depois é a formalização do pagamento do prémio até porque isso influencia a questão fiscal do mesmo. Emitir um recibo de vencimento específico para pagar o prémio, contabilizar este pagamento através de gratificações de balanço mensais pressupõe planeamento de contabilidade e agilidade da gestão, mas faz sentido porque permite ao colaborador baixar a factura fiscal deste rendimento adicional, em resultado do seu esforço e mérito.

Apesar de haver gestores que desvalorizam completamente o entra e sai de pessoas, isso não beneficia nunca a empresa, além de que o tempo de adaptação de cada pessoa custa dinheiro e não permite conhecer o potencial de cada um. Mas continuo a ver muitas situações e organizações em que parece que isto não interessa nada.


É por isso que há patrões e há empresários, em que estes ganham muito mais do que aqueles. A diferença começa aqui, na forma como recruta e gere recursos humanos, continua na pró-actividade, no planeamento, na organização e como promove o trabalho de equipa e cria condições para que apareçam os talentos de cada um, a começar se apenas tem um. 

Nuno Rodrigues

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