terça-feira, 22 de abril de 2025
Até sempre Papa Francisco !
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Mestrado terminado ! Rumo ao Futuro !
Transição, do Mestrado para a Empregabilidade
Introdução
Nos
últimos meses tenho-me cruzado com muitos jovens e costumo interpelá-los sobre
o seu percurso de estudos ou já de trabalho.
Destas
conversas tem surgido alguns padrões. Os que estudam no ensino superior
rapidamente se apercebem se gostam ou não do que estão a estudar. São muitos os
que estudam em cursos de grande empregabilidade, como os de Medicina e algumas
Engenharias, de enorme procura e que antes de acabarem os seus cursos já são
procurados ou mesmo contratados.
Quanto
aos restantes, que são a grande maioria, a empregabilidade é um assunto bem
mais complicado, que precisa de maior preparação e esforço e que leva mais
tempo.
É
para estes que tenho vindo a desenvolver uma profunda reflexão sobre a forma de
melhorar essa mesma empregabilidade e onde me parece que a palavra chave é
pro-actividade.
A
pensar em todos esses estudantes, aqui ficam algumas ideias que podem ser úteis
na relação entre esse percurso e a sua empregabilidade, e que são o objecto destas
ideias e que gostaria de ver mais levadas a sério seja pelas instituições, seja
pelos estudantes.
O percurso académico e a
posterior Empregabilidade
Quando um estudante entra para a faculdade, está de Parabéns dado que tal significa duas coisas. Por
um lado, que terminou o 12º ano e que se prepara para obter um diploma de
estudos superiores, sendo um período muito importante de crescimento pessoal,
dado que vai mudar a sua vida.
Além
do mais, na minha opinião, este período de qualificação devia incluir algumas
competências específicas:
- Gosto adquirido pela
leitura;
- Carta de condução;
- Saber nadar;
Este
conjunto de diversas “skils”, está longe de ser dado adquirido mesmo entre licenciados,
por estranho que possa parecer. Faria até sentido que tais competências fossem
enquadradas no percurso do 1º ciclo de ensino superior, numa gestão de tempo
bem pensada e organizada pelas próprias instituições.
Assim,
é natural que o 1º ano seja de descoberta, de adaptação, de abertura ao
diferente.
Será
um tempo importante de crescimento pessoal, colegas novos e diferentes,
professores com formas diversas de trabalhar, graus de exigência variáveis,
instalações e equipamentos específicos, etc. Toda uma nova realidade e em que
as novas tecnologias ocupam agora um papel importante.
Também
nesta fase ocorre nova escolha de colegas e potencialmente de relações
afectivas. Ocorrem outras decisões sobre gestão de tempo. Tempo para aulas,
para estudo, para vida social, para as actividades extra-curriculares
(desporto, cultura, artes, solidariedade, etc) e para os namoros, se for caso
disso e pode ser importante que o seja. É das mais importantes aprendizagens e com
grande influência para o futuro.
Assim,
é isto que se espera no fim do 1º ano, em qualquer curso: descoberta. Durante
este ano surgem, ou deveriam surgir, as primeiras perguntas.
Gosto do Curso ?
Que acho das Aulas ?
Apenas
estão disponíveis aulas ou há outras propostas pedagógicas: Workshops,
Conferências, Mesas-redondas, Fóruns, Clubes ? Obrigatórias ou facultativas ?
Identifico-me
com as matérias e/ou com quem as transmite e vai avaliar ?
Agora
num ambiente pós-Bolonha (Junho de 1999 - homogeneização europeia da duração de
um 1º ciclo de estudos superiores para 3 anos), de cursos mais curtos, seriam
estas perguntas que se esperaria que um estudante no ensino superior se fizesse
a si próprio.
Quando chega ao 2º ano, de um total de 3, e é portanto o penúltimo ano, é
semi-finalista, a conversa muda e cresce de importância. As perguntas que o
estudante se deve fazer a si próprio são outras e as respostas a obter igualmente.
Estas são algumas dessas
perguntas:
- Gosto do curso, sim ou não ?
Se
não, há uma conversa séria com alguém importante de ter, o mais breve possível.
Provavelmente é preciso tomar outras decisões, parar, re-orientar, cada um deve
decidir.
Se
sim, então, outras perguntas se seguem.
- Vejo-me ligado a esta
área e a trabalhar nela durante 20, 30 ou mais anos?
Esta área em que
sub-áreas especializadas se divide ?
Se respondeu sim, um novo
conjunto de perguntas sobre a área e cada uma das suas sub-áreas, se levanta.
Quem
é quem nesta área ? Pessoas, Empresas, Instituições, Departamentos do Estado, ONG´s,
etc. Em Portugal e fora. Qualquer destas entidades é um potencial futuro empregador.
É
relevante começar a interpelar pessoas com questão ligadas à área. Isto deve
ser preparado e seria vantajoso ser conversado entre colegas e até em ambiente
de copos, de descontração.
Podem
começar por interpelar professores com quem haja mais empatia para colocar
questões sobre a sua cadeira e se têm algum envolvimento com actividades na
área, no exterior. De forma positiva e construtiva.
Identificar
publicações (jornais, revistas, newsletters, etc., portuguesas e internacionais)
que existam sobre a área, online ou em suporte físico. Conferências, colóquios,
workshops que haja sobre a área e, via email ou presencialmente, marcar
presença e dirigir-se às pessoas responsáveis destas publicações colocando
questões. Para tirar verdadeiro partido, isto prepara-se previamente.
Esta
proactividade dará bons resultados porque revela interesse, iniciativa,
organização, método e uma atitude inconformista, e levará a abrir portas por
exemplo, para estágios e como fonte possível de futuro recrutamento.
Por
outro lado, todos sabemos como está a realidade dos estágios em Potugal que na
maioria são não remunerados, o que considero um abuso, uma utilização de
mão-de-obra qualificada gratuita ou de muito baixo custo. Mas revelador de
falta de inteligência, estratégia e visão a longo prazo de recursos humanos.
Um
estágio devia ser entendido como um contrato de trabalho com componente de
formação. De resto, faria até sentido que uma parte do salário do estagiário
fosse destinado a pagar a sua componente de formação, e tal assumido de forma
clara e progressiva ao longo do período do estágio de forma decrescente ao
longo desse período, crescendo a componente de salário a reverter para o seu
titular até extinguir o desconto formativo.
Desta
forma, haverá responsabilidade de ambas as partes. Do estagiário, que tem um
contrato de trabalho e um salário e da entidade que contratou alguém e de quem
espera um retorno. Ao contrário da situação actual, de estágios não remunerados
que são um engano e uma hipocrisia.
Seria
de esperar que fossem as próprias faculdades/instituições a terem a sua
estrutura pensada para motivar, potenciar e apoiar este trabalho de reflexão paralelo
por parte dos seus estudantes.
Acredito
que muitas já terão um departamento próprio para tal e já estejam a gerir a
informação resultante daí para a tornar útil à futura empregabilidade e
respectivos utilizadores.
Este
segundo ano do 1º ciclo de ensino superior, reveste esta primordial
importância, em que este processo de preparar o salto para o último ano deve
começar.
Quando começa o 3º ano, o processo de pontes para o exterior já deve estar começado
e será importante analisar qual o estado dos contactos, qual o grau de empatia criado,
com quem e sobre o quê.
Será
igualmente importante perceber mais claramente que sub-área do Curso, se as
houver, reúne a maior preferência ou tendência. Mais importante é despertar a
sensibilidade para as vantagens de haver uma clarificação. Por vezes, este
processo decorre ao contrário, de perceber o que não se quer e ir excluindo.
Pensar o Mestrado. Ainda durante este último ano e no âmbito deste
processo é tempo de encarar a possibilidade de evoluir para um Mestrado, ou de
ponderar uma carreira académica Este deve ser encarado não como um desemprego
adiado mas como uma atitude exigente e muito pro-activa.
Mas
deve ser um período importante de preparar o futuro e o próprio Mestrado é
importante que já seja assim pensado, que possa envolver um trabalho de
colaboração como alguma entidade exterior no âmbito de algo prático que seja a
base do próprio Mestrado.
Obviamente,
para isso, é indispensável a Instituição estar muito bem enquadrada na
comunidade e no mercado da área a que se o mesmo se refere, ter um conjunto de
parcerias e condições criadas para que este dinamismo possa acontecer. As instituições
com muito bom funcionamento, encarão isto desta forma, as outras não deixarão
de pensar que a sua responsabilidade acabou muito antes, no âmbito de cada aula
e na respectiva avaliação.
De
resto, e voltando à questão, nenhum Mestrado devia começar sem que o respectivo
Director (ou alguém da equipa/de uma equipa) se sentasse com cada candidato e tivesse
previamente esta conversa:
-
A nossa proposta de Mestrado é esta (e que consta do respectivo Plano
Curricular) – que pretende fazer com isto ? Que expectativas tem ? Tem alguma ?
Tenho-me
cruzado com bastantes jovens a fazerem Mestrados, e sobretudo em áreas de não
muito fácil empregabilidade que, em ambiente descontraído, me relatam nunca
terem pensado nisto e que “ainda estão a frequentar as aulas do Mestrado”. Mas
realmente até ali ninguém da Instituição teve qualquer conversa com eles.
Fico
preocupado ! Parece-me que algo está errado aqui e que as Instituições estão a
lidar com isto com demasiada leviandade e sinto os estudantes com pouca
pro-actividade a encarar o assunto. É o futuro deles que está em causa ! E
acredito que não faltam questões/problemas/desafios/projectos sobre os quais se
debruçarem (com ou sem fins lucrativos), a questão é se a seguir o percurso de
Mestrado está aberto à indispensável flexibilidade para responder a isso, ou se
é demasiado rígido e não potencia ou mesmo não permite as adaptações que se
revelem pertinentes e necessárias.
Penso
que já lá vai o tempo em que um Mestrado, e um Doutoramento ainda pior,
resultava numa bonita brochura para a gaveta, ou seja, resmas de papel mas que
se ficam pelo conhecimento (embora em si não seja mau), mas não cria algo de
útil para ninguém, algo que responda a um problema ou a um desafio, ou que crie
um produto ou serviço novo para colocar no mercado ou para melhorar algum outro
que já exista. Além não constituir uma reforço efectivo na empregabilidade do
candidato ou dar algum passo para a preparar.
Gostaria
que esta reflexão pudesse ser útil quer para as Instituições quer para os
envolvidos em Mestrados e/ou Doutoramentos. Tenho ouvido muitos relatos em que
demasiados Mestrados estão longe de cumprir esta função. Estarão as
Instituições a abandonar os seus Mestrandos ?
Pela
minha parte, sinto que estou em condições de contribuir junto de alguma forma e
em alguma Instituição, ou directamente pelo lado dos envolvidos a fazer o seu
Mestrado, para testar estas ideias e perceber se isto faz sentido ou se é um
conjunto de ideias banais e que nada acrescentam, ou se estou enganado e isto
já é feito de forma e com resultados concretos. Os relatos que tenho ouvido e
as conversas que vou tendo não vão neste sentido.
Não
tenho a ilusão de pensar nem que “descobri a pólvora” nem que alguma
Instituição vai achar estas ideias maravilhosas e as acolher de braços abertos
porque isso pressupõe a atitude autocrítica de assumir que ainda não deu estes
passos.
Pela
minha parte, tenho as ideias claras e sei que caminho desbravar. Esta reflexão
pode vir a resultar numa oportunidade de negócio que pode ser
articulada/encaixada no todo de uma Instituição (Universidade ou Faculdade
Pública ou Privada), ou ser desenvolvida para os estudantes directamente. Pode
ser implementada de ambas as formas. Com resultados potenciais muito bons. Não
se pretende colocar estudantes contra as Instituições, nem vice-versa, mas a
realidade actual aqui objectivamente descrita, devia diferente e pode ser
encarada de forma construtiva.
Uma das possibilidades em aberto, e que já estou a estudar, é abrir uma plataforma digital (site e/ou app para telemóveis) com nome ou entrada muito bem escolhido em termos de Marketing, e propor directamente aos estudantes de os apoiar nesta reflexão em grupos online pequenos ou em pequenos grupos presenciais. Mas esta não é a forma ideal, porque será implementar isto de forma exterior às Instituições, o que não é o desejável. Em breve, teremos desenvolvimentos.
Vila
Nova de Gaia, 13 de fevereiro de 2025
Nuno
Rodrigues