terça-feira, 22 de abril de 2025

Até sempre Papa Francisco !

 



                               Franciscus

Jorge Mario Bergoglio

13.III.2013

-
21.IV.2025



Até sempre Papa Francisco !
A sua marca ficará e perdurará por muitos anos como alguém com o seu peso a tomar posições corajosas sobre assuntos sensíveis.
Sobre a Família, várias questões importantes do interior da Igreja como os abusos sexuais, onde a "tolerância zero" foi sempre o seu timbre.
Sobre o acolhimento universal a toda a gente, a questão das migrações. Assunto difícil e que precisa de coragem.
Sobre o celibato dos Padres e o papel das mulheres na Igreja, que se percebia que devia ser cada vez maior, sem precisar de haver "Padras" ou "Bispas".
Sobre os grandes centros, a sua preocupação em ir às periferias era enorme. É aí que reside a prevenção dos problemas dos grandes centros. Só não vê quem não quer.
Tantos outros temas...
Pela sua eleição se vê como Deus cuida da sua Igreja ! Se cuida !
Papa Francisco, o seu sorriso ficará gravado como uma proximidade inigualável às pessoas ! Foi o representante de Cristo na Terra que era preciso nos tempos que correm.
Até sempre Papa Francisco !

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Mestrado terminado ! Rumo ao Futuro !

 


Transição, do Mestrado para a Empregabilidade

 

Introdução

Nos últimos meses tenho-me cruzado com muitos jovens e costumo interpelá-los sobre o seu percurso de estudos ou já de trabalho.

Destas conversas tem surgido alguns padrões. Os que estudam no ensino superior rapidamente se apercebem se gostam ou não do que estão a estudar. São muitos os que estudam em cursos de grande empregabilidade, como os de Medicina e algumas Engenharias, de enorme procura e que antes de acabarem os seus cursos já são procurados ou mesmo contratados.

Quanto aos restantes, que são a grande maioria, a empregabilidade é um assunto bem mais complicado, que precisa de maior preparação e esforço e que leva mais tempo.

É para estes que tenho vindo a desenvolver uma profunda reflexão sobre a forma de melhorar essa mesma empregabilidade e onde me parece que a palavra chave é pro-actividade.

A pensar em todos esses estudantes, aqui ficam algumas ideias que podem ser úteis na relação entre esse percurso e a sua empregabilidade, e que são o objecto destas ideias e que gostaria de ver mais levadas a sério seja pelas instituições, seja pelos estudantes.

 

O percurso académico e a posterior Empregabilidade

 

Quando um estudante entra para a faculdade, está de Parabéns dado que tal significa duas coisas. Por um lado, que terminou o 12º ano e que se prepara para obter um diploma de estudos superiores, sendo um período muito importante de crescimento pessoal, dado que vai mudar a sua vida.

Além do mais, na minha opinião, este período de qualificação devia incluir algumas competências específicas:

- Gosto adquirido pela leitura;

- Carta de condução;

- Saber nadar;

Este conjunto de diversas “skils”, está longe de ser dado adquirido mesmo entre licenciados, por estranho que possa parecer. Faria até sentido que tais competências fossem enquadradas no percurso do 1º ciclo de ensino superior, numa gestão de tempo bem pensada e organizada pelas próprias instituições.

Assim, é natural que o 1º ano seja de descoberta, de adaptação, de abertura ao diferente.

Será um tempo importante de crescimento pessoal, colegas novos e diferentes, professores com formas diversas de trabalhar, graus de exigência variáveis, instalações e equipamentos específicos, etc. Toda uma nova realidade e em que as novas tecnologias ocupam agora um papel importante.

Também nesta fase ocorre nova escolha de colegas e potencialmente de relações afectivas. Ocorrem outras decisões sobre gestão de tempo. Tempo para aulas, para estudo, para vida social, para as actividades extra-curriculares (desporto, cultura, artes, solidariedade, etc) e para os namoros, se for caso disso e pode ser importante que o seja. É das mais importantes aprendizagens e com grande influência para o futuro.

Assim, é isto que se espera no fim do 1º ano, em qualquer curso: descoberta. Durante este ano surgem, ou deveriam surgir, as primeiras perguntas.

Gosto do Curso ?

Que acho das Aulas ?

Apenas estão disponíveis aulas ou há outras propostas pedagógicas: Workshops, Conferências, Mesas-redondas, Fóruns, Clubes ? Obrigatórias ou facultativas ?

Identifico-me com as matérias e/ou com quem as transmite e vai avaliar ?

Agora num ambiente pós-Bolonha (Junho de 1999 - homogeneização europeia da duração de um 1º ciclo de estudos superiores para 3 anos), de cursos mais curtos, seriam estas perguntas que se esperaria que um estudante no ensino superior se fizesse a si próprio.

Quando chega ao 2º ano, de um total de 3, e é portanto o penúltimo ano, é semi-finalista, a conversa muda e cresce de importância. As perguntas que o estudante se deve fazer a si próprio são outras e as respostas a obter igualmente.

Estas são algumas dessas perguntas:

- Gosto do curso, sim ou não ?

Se não, há uma conversa séria com alguém importante de ter, o mais breve possível. Provavelmente é preciso tomar outras decisões, parar, re-orientar, cada um deve decidir.

Se sim, então, outras perguntas se seguem.

- Vejo-me ligado a esta área e a trabalhar nela durante 20, 30 ou mais anos?

Esta área em que sub-áreas especializadas se divide ?

Se respondeu sim, um novo conjunto de perguntas sobre a área e cada uma das suas sub-áreas, se levanta.

Quem é quem nesta área ? Pessoas, Empresas, Instituições, Departamentos do Estado, ONG´s, etc. Em Portugal e fora. Qualquer destas entidades é um potencial futuro empregador.

É relevante começar a interpelar pessoas com questão ligadas à área. Isto deve ser preparado e seria vantajoso ser conversado entre colegas e até em ambiente de copos, de descontração.

Podem começar por interpelar professores com quem haja mais empatia para colocar questões sobre a sua cadeira e se têm algum envolvimento com actividades na área, no exterior. De forma positiva e construtiva.

Identificar publicações (jornais, revistas, newsletters, etc., portuguesas e internacionais) que existam sobre a área, online ou em suporte físico. Conferências, colóquios, workshops que haja sobre a área e, via email ou presencialmente, marcar presença e dirigir-se às pessoas responsáveis destas publicações colocando questões. Para tirar verdadeiro partido, isto prepara-se previamente.

Esta proactividade dará bons resultados porque revela interesse, iniciativa, organização, método e uma atitude inconformista, e levará a abrir portas por exemplo, para estágios e como fonte possível de futuro recrutamento.

Por outro lado, todos sabemos como está a realidade dos estágios em Potugal que na maioria são não remunerados, o que considero um abuso, uma utilização de mão-de-obra qualificada gratuita ou de muito baixo custo. Mas revelador de falta de inteligência, estratégia e visão a longo prazo de recursos humanos.

Um estágio devia ser entendido como um contrato de trabalho com componente de formação. De resto, faria até sentido que uma parte do salário do estagiário fosse destinado a pagar a sua componente de formação, e tal assumido de forma clara e progressiva ao longo do período do estágio de forma decrescente ao longo desse período, crescendo a componente de salário a reverter para o seu titular até extinguir o desconto formativo.

Desta forma, haverá responsabilidade de ambas as partes. Do estagiário, que tem um contrato de trabalho e um salário e da entidade que contratou alguém e de quem espera um retorno. Ao contrário da situação actual, de estágios não remunerados que são um engano e uma hipocrisia.

Seria de esperar que fossem as próprias faculdades/instituições a terem a sua estrutura pensada para motivar, potenciar e apoiar este trabalho de reflexão paralelo por parte dos seus estudantes.

Acredito que muitas já terão um departamento próprio para tal e já estejam a gerir a informação resultante daí para a tornar útil à futura empregabilidade e respectivos utilizadores.

Este segundo ano do 1º ciclo de ensino superior, reveste esta primordial importância, em que este processo de preparar o salto para o último ano deve começar.

Quando começa o 3º ano, o processo de pontes para o exterior já deve estar começado e será importante analisar qual o estado dos contactos, qual o grau de empatia criado, com quem e sobre o quê.

Será igualmente importante perceber mais claramente que sub-área do Curso, se as houver, reúne a maior preferência ou tendência. Mais importante é despertar a sensibilidade para as vantagens de haver uma clarificação. Por vezes, este processo decorre ao contrário, de perceber o que não se quer e ir excluindo.

Pensar o Mestrado. Ainda durante este último ano e no âmbito deste processo é tempo de encarar a possibilidade de evoluir para um Mestrado, ou de ponderar uma carreira académica Este deve ser encarado não como um desemprego adiado mas como uma atitude exigente e muito pro-activa.

Mas deve ser um período importante de preparar o futuro e o próprio Mestrado é importante que já seja assim pensado, que possa envolver um trabalho de colaboração como alguma entidade exterior no âmbito de algo prático que seja a base do próprio Mestrado.

Obviamente, para isso, é indispensável a Instituição estar muito bem enquadrada na comunidade e no mercado da área a que se o mesmo se refere, ter um conjunto de parcerias e condições criadas para que este dinamismo possa acontecer. As instituições com muito bom funcionamento, encarão isto desta forma, as outras não deixarão de pensar que a sua responsabilidade acabou muito antes, no âmbito de cada aula e na respectiva avaliação.

De resto, e voltando à questão, nenhum Mestrado devia começar sem que o respectivo Director (ou alguém da equipa/de uma equipa) se sentasse com cada candidato e tivesse previamente esta conversa:

- A nossa proposta de Mestrado é esta (e que consta do respectivo Plano Curricular) – que pretende fazer com isto ? Que expectativas tem ? Tem alguma ?

Tenho-me cruzado com bastantes jovens a fazerem Mestrados, e sobretudo em áreas de não muito fácil empregabilidade que, em ambiente descontraído, me relatam nunca terem pensado nisto e que “ainda estão a frequentar as aulas do Mestrado”. Mas realmente até ali ninguém da Instituição teve qualquer conversa com eles.

Fico preocupado ! Parece-me que algo está errado aqui e que as Instituições estão a lidar com isto com demasiada leviandade e sinto os estudantes com pouca pro-actividade a encarar o assunto. É o futuro deles que está em causa ! E acredito que não faltam questões/problemas/desafios/projectos sobre os quais se debruçarem (com ou sem fins lucrativos), a questão é se a seguir o percurso de Mestrado está aberto à indispensável flexibilidade para responder a isso, ou se é demasiado rígido e não potencia ou mesmo não permite as adaptações que se revelem pertinentes e necessárias.

Penso que já lá vai o tempo em que um Mestrado, e um Doutoramento ainda pior, resultava numa bonita brochura para a gaveta, ou seja, resmas de papel mas que se ficam pelo conhecimento (embora em si não seja mau), mas não cria algo de útil para ninguém, algo que responda a um problema ou a um desafio, ou que crie um produto ou serviço novo para colocar no mercado ou para melhorar algum outro que já exista. Além não constituir uma reforço efectivo na empregabilidade do candidato ou dar algum passo para a preparar.

Gostaria que esta reflexão pudesse ser útil quer para as Instituições quer para os envolvidos em Mestrados e/ou Doutoramentos. Tenho ouvido muitos relatos em que demasiados Mestrados estão longe de cumprir esta função. Estarão as Instituições a abandonar os seus Mestrandos ?

Pela minha parte, sinto que estou em condições de contribuir junto de alguma forma e em alguma Instituição, ou directamente pelo lado dos envolvidos a fazer o seu Mestrado, para testar estas ideias e perceber se isto faz sentido ou se é um conjunto de ideias banais e que nada acrescentam, ou se estou enganado e isto já é feito de forma e com resultados concretos. Os relatos que tenho ouvido e as conversas que vou tendo não vão neste sentido.

Não tenho a ilusão de pensar nem que “descobri a pólvora” nem que alguma Instituição vai achar estas ideias maravilhosas e as acolher de braços abertos porque isso pressupõe a atitude autocrítica de assumir que ainda não deu estes passos.

Pela minha parte, tenho as ideias claras e sei que caminho desbravar. Esta reflexão pode vir a resultar numa oportunidade de negócio que pode ser articulada/encaixada no todo de uma Instituição (Universidade ou Faculdade Pública ou Privada), ou ser desenvolvida para os estudantes directamente. Pode ser implementada de ambas as formas. Com resultados potenciais muito bons. Não se pretende colocar estudantes contra as Instituições, nem vice-versa, mas a realidade actual aqui objectivamente descrita, devia diferente e pode ser encarada de forma construtiva.

Uma das possibilidades em aberto, e que já estou a estudar, é abrir uma plataforma digital (site e/ou app para telemóveis) com nome ou entrada muito bem escolhido em termos de Marketing, e propor directamente aos estudantes de os apoiar nesta reflexão em grupos online pequenos ou em pequenos grupos presenciais. Mas esta não é a forma ideal, porque será implementar isto de forma exterior às Instituições, o que não é o desejável. Em breve, teremos desenvolvimentos.

 

Vila Nova de Gaia, 13 de fevereiro de 2025

 

Nuno Rodrigues